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Política

Zema critica vetos de Lula a projeto que muda pagamento de dívidas dos estados: 'Sustentar privilégios'

Presidente vetou trechos do Propag que, na avaliação do governo federal, geravam impacto no resultado primário das contas públicas.


Lula vetou trechos que, na avaliação do governo, geravam impacto no resultado primário das contas públicas – ou seja, na busca pelo equilíbrio entre receita e despesas.

"O governo federal quer que os estados paguem a conta de sua gastança. Com vetos ao Propag, Lula quer obrigar os mineiros a repassar R$ 5 bi a mais em 25/26, apesar do recorde de arrecadação federal: R$ 2,4 trilhões em 2024. É dinheiro pra sustentar privilégios e mordomias", escreveu Zema.

O governador ainda falou que, "enquanto os estados lutam para equilibrar contas, o Planalto mantém 39 ministérios, viagens faraônicas, gastos supérfluos no Alvorada e um cartão corporativo sem transparência".

Governador Romeu Zema (Novo) critica vetos do presidente Lula a projeto do Propag — Foto: Twitter/ Reprodução

Zema vinha defendendo a aprovação do Propag. Ele considera que o programa garante condições melhores para o pagamento da dívida de Minas Gerais com a União, atualmente estimada em R$ 163 bilhões.

No dia 6 de janeiro, após o presidente Lula homologar o plano de recuperação fiscal apresentado por MG, o governador disse que seria um ano de "muita conversa com a Assembleia Legislativa e a União" para o estado migrar do RRF para o Propag.

O autor do projeto de lei que instituiu o Propag, senador Rodrigo Pacheco (PSD), considerou que a lei sancionada nesta terça-feira tem "eixos muito importantes e preservados" e destacou que "o momento é de agradecer ao presidente Lula".

"Por meio desse programa, o governo federal abre mão de receber juros, permite o alongamento da dívida em 30 anos e aceita receber ativos diversos como pagamento. É a chance de conciliar o pagamento efetivo da dívida com os investimentos que o estado precisa em diversas áreas, e sem impor aos servidores públicos os ônus injustos do RRF. Isso é bastante significativo e precisa ser reconhecido", disse o senador, em nota enviada à imprensa após as críticas de Zema.

O g1 questionou o governo federal sobre as falas do governador, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Vetos

Os vetos do presidente Lula serão analisados pelo Congresso, que pode decidir por derrubá-los.

Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já tinha antecipado essa posição do governo. Segundo ele, mudanças feitas pelo Congresso no projeto original não contavam com o aval da equipe econômica.

"O presidente está informado das diferenças do que nós tínhamos proposto e do que foi aprovado. Ele está a par dessas diferenças. O que estamos levando à consideração do presidente é que tudo que tenha impacto primário seja vetado. E há alguns itens que têm impacto primário", disse Haddad, no último dia 9.

O valor da dívida dos estados, segundo o Tesouro Nacional, estava em R$ 797,13 bilhões em outubro de 2024. A maior parte corresponde aos débitos de quatro estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

O que prevê a nova lei

Os estados poderão renegociar as dívidas com desconto nos juros e parcelamento em até 30 anos. Para isso, terão que comprovar o atendimento a algumas regras de boa gestão.

No atual modelo, as dívidas são corrigidas pelo que for menor: taxa básica de juros (Selic) ou inflação oficial mais 4% ao ano. O projeto aprovado pelos parlamentares mantém o formato atual dos juros (IPCA + 4%), mas prevê mecanismos para reduzir e até zerar essa porcentagem adicional.

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