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Mesmo após 'indireta' de Lula, partidos do Centrão com cargos no governo não cravam apoio ao presidente em 2026

Em reunião ministerial, Lula questionou se essas siglas querem 'continuar trabalhando' com ele. Avaliação de ministros do Centrão é que qualquer anúncio agora seria apenas uma 'carta de intenções' que pode não se cumprir lá na frente

Por Rede Metropolitan News em 23/01/2025 às 09:05:40

Depois que o presidente Lula deu uma "indireta" a partidos do Centrão com espaço na Esplanada — ao questionar na última reunião ministerial se as siglas querem "continuar trabalhando" com o governo na próxima eleição —, ministros, parlamentares e presidentes dessas siglas avaliam que ainda é cedo para cravar apoio ao governo em 2026.

O recado de Lula acontece em um momento em que partidos do Centrão cobram mais espaço na Esplanada dos Ministérios, ainda que não deem garantia de que estarão juntos para além de 2025.

Embora ocupem ministérios no governo, partidos como União Brasil (3 ministérios), PSD (3 ministérios), MDB (3 ministérios), PP (1 ministério) e Republicanos (1 ministério) se dividem entre situação e oposição e guardam nomes com interesses opostos ao do Palácio do Planalto, até mesmo em uma futura eleição presidencial.Por exemplo, os governadores do Paraná, Ratinho Junior (PSD); de Goiás, Ronaldo Caiado (União); e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), são todos cogitados como pré-candidatos à presidência da República.

A avaliação de ministros do Centrão é que qualquer anúncio agora seria apenas uma "carta de intenções" que pode não se cumprir lá na frente. Tudo vai depender do cenário: "Se o governo se sair forte de 2025, será mais fácil advogar internamente" no partido para que fechem com o governo em 2026, nas palavras de um ministro.

A costura futura passará tanto pela governabilidade no Congresso Nacional ao longo de 2025 quanto pelo resultado de pesquisas eleitorais e da popularidade do governo até lá, por exemplo.

"Em todos os partidos, há setores que se aliam e setores refratários. Se o partido decidir apoio sobre 2026 agora, isso estimula a fragmentação. E eu não quero levar metade do partido, nem 1/4 do partido. Quero levar o partido inteiro", disse um ministro do Centrão.

Outro ministro afirma que "nenhum partido definirá isso agora" e que a definição vai depender de escolhas internas de cada sigla.

"Meu apoio pessoal será de Lula, mas o [apoio] partidário não depende apenas de mim", diz este ministro, também reservadamente.

O presidente de um dos partidos com ministério na Esplanada também diz que a sigla se divide hoje em três vertentes e, por isso, não há como se comprometer com o governo.

"Hoje, não há essa definição porque tem várias correntes no partido. Tem corrente que quer apoiar a reeleição do presidente Lula, tem corrente que quer lançar candidatura própria, tem corrente que quer se juntar a um candidato de centro-direita. Vamos tomar decisão mais pra frente, sem açodamento, ouvindo a todos e seguindo o instinto democrático do partido", disse.

De oposição e com a intenção de concorrer ao Planalto em 2026, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, disse à Globonews que não vê espaço para apoio do União Brasil a Lula no próximo pleito.

"As decisões partidárias são deliberadas em quase totalidade na Executiva. O meu sentimento é que o União Brasil, pela quase totalidade de seus filiados e ocupantes de cargos eletivos, não tem nenhuma identidade com o governo do presidente Lula e muito menos com o PT", afirmou, apesar da sigla ter três ministérios no governo petista.

No MDB, o governo conta com importantes aliados no Congresso Nacional, como o líder da sigla na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), e o senador Renan Calheiros (AL) - este último que crava que o partido estará com o presidente Lula em 2026.

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BELA AMARAL
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