O dono da agência CredCar Automóveis, Jonatas Henrique, foi preso em Santa Luzia, na Grande BH, por adulteração de motores de uma moto e de um carro. As irregularidades foram encontradas durante operação das polícias civil e militar desencadeada na manhã desta quarta-feira (18) contra ele, que é investigado por estelionato. O delegado responsável pelo caso, José Thomaz, diz que pelo menos 60 vítimas registraram queixa. Com a divulgação do caso, o policial espera que mais pessoas apareçam.
O dono da agência nega as acusações e garante que sempre agiu dentro da lei.Segundo o delegado, a Credicard angariava os clientes por meio do Facebook. "Postavam fotos bem ilustrativas, bem convincentes, bem chamativas dos veículos e criavam propostas aceitáveis dentro das condições sociais da população", conta. "Com isso, as pessoas vinham à empresa e eles davam informações ludibriosas acerca de como funcionava o pagamento, bem como a entrega do veículo. E isso trazia ilusões para os clientes, que pediam até dinheiro emprestado, tiravam de onde não tinham para dar entrada", explica.
A empresa funcionava em imóvel alugado por R$ 22 mil por mês e tinha mais de 30 funcionários registrados, de acordo com o responsável pela investigação. "A gente não imaginava que o volume era tão grande. Estamos em, aproximadamente, sessenta pessoas que efetivamente se sentiram indignadas e procuraram o Estado, na figura das polícias, para demonstrar essa indignação", destaca.
Parao delegado, o esquema funcionava como um falso consórcio. "Primeiro, eles não exigiam nada, nem comprovante de renda. Se o nome tivesse de alguma restrição, eles não entravam nesse mérito. Isso chama atenção, porque o consórcio é assim", disse.
A investigação, diz Thomaz, não encontrou carros em nome da empresa registrados no sistema do Detran. "Isso que chamou a atenção. Pode haver outras vítimas, que são os proprietários que deixaram o carro aqui para ser vendido".
Prisão
Segundo o tenente Moreira, do 35º Batalhão da PM, foram encontrados alguns documentos na casa do proprietário. Já a moto e carro com motores adulterados estão na agência. "Motivo pelo qual o cidadão será preso pelo artigo 311 do Código Penal, que é adulteração de sinal identificador de veículo."
Conforme apuração da Itatiaia, que acompanha os trabalhos, os agentes descobriram que uma central de telemarketing para captação de clientes funcionava no segundo andar do prédio da CredCar Automóveis.
Clientes
O caso foi revelado em primeira mão pela Itatiaia, no fim de setembro. Clientes denunciaram que a CredCar Automóveis vendia carros, não entregava e ficava com o dinheiro dos compradores. Nesta quarta (18), os agentes cumprem mandados na sede da agência e na casa do proprietário. A Polícia Militar (PM) apoia a operação.
Em setembro, o proprietário da agência negou irregularidades e disse que a liberação dos carros ocorria somente após avaliar o grau de risco do negócio com cada cliente. "Quando o cliente chega, a gente passa a ficha dele para ver se ele se encaixa em algum financiamento bancário. Se não for o caso, a empresa faz a proposta de empréstimo, com base no veículo que ele quer. Só que a gente frisa que, para o comprador retirar o veículo de imediato, ele tem de pagar o percentual de 50% do valor", explicou, na ocasião.
Ainda segundo ele, a avaliação era individual e considerava vários fatores, como valor da entrada e do carro desejado. "Tem cliente que quer um carro de R$ 10 mil e dá uma entrada de mil. Então, fica fácil faturar. Mas também tenho cliente que quer carro de R$ 50 mil, mas tem uma entrada de mil. Vai retirar o veículo? Vai, mas tenho que fazer a análise para verificar o grau de risco, percentual de pagamento, para depois fazer a entrega."
O proprietário destacou, ainda, que considerava o percentual de reclamações pequeno, uma vez que fechava média de vinte contratos por dia em apenas uma modalidade de empréstimo.